Quando penso em paixão por algo ou alguém, logo lembro das sensações que dominam nosso corpo em vários aspectos: Pensamentos quase interruptos, a empolgação, vontade de falar alto, sorrir, e até chorar... sensações que se não refletirmos um momento sobre, nos dominam completamente.
Trazendo pra fotografia, é muito comum ler declarações de que a "fotografia me escolheu" no sentido desprendido de que foi a partir de um "match perfeito"...
Mas comigo não foi assim.
O ano era 2018, eu havia passado pela primeira demissão de emprego e foi um tanto difícil processar aquilo. A empresa estava declarando falência e mesmo que não fosse um desligamento por incompetência ou algo do tipo, aquilo de não precisarem mais de mim, doeu.
Em menos de um mês em casa, além da falta de perspectiva, eu me sentia profundamente insegura, desanimada com tudo e com crises pontuais de ansiedade, a ponto de precisar ir com meu marido à compromissos de trabalho dele, simplesmente por receio de ficar sozinha.
Mas em meio ao caos do meu "copo meio vazio", uma quarta-feira quando eu estava terminando o período de rescisão, recebi uma mensagem via whatsapp do meu marido. Era o print de conversa dele com um amigo nosso. A mensagem começava com a pergunta: "Você conhece algum fotógrafo pra indicar? É aniversário da minha filha hoje". E a resposta do meu marido foi: "Conheço, a Natasha!"
Nos primeiros minutos fiquei bem nervosa com o compromisso inesperado rsrs Até aquele dia eu só havia fotografado eventos na igreja, céu e paisagens aleatórias com a minha saudosa t5i, mas meu marido fazia questão de lembrar que o investimento na câmera era para que eu pudesse trabalhar com fotografia. E claro que ele fez isso porque nesta fase eu estudava esporadicamente no youtube sobre as principais técnicas e acompanhava trabalhos de fotógrafos com o estilo que eu mais apreciava.
Graças a esse empurrão, hoje tenho lembranças do meu primeiro atendimento profissional com muito carinho. Foi uma festa infantil em buffet, somente com um equipamento de entrada no compromisso inegociável de honrar aquele trabalho de última hora com meu melhor.
Devo confessar que as fotos não ficaram tão lindas, afinal nem flash externo eu tinha, mas a oportunidade e o apoio daquelas pessoas me chamando de "fotógrafa" quando nem eu me designava assim, foi como se uma grande porta estivesse sendo aberta em um momento que eu mais desacreditava naquilo tudo.
Minha estreia na fotografia não foi na melhor fase da minha vida, mas sem dúvidas foi um novo caminho que surgiu praticamente sem eu fazer nada.
Um caminho de amor verdadeiro, que foi construído aos poucos após esse evento, e quanto mais eu falava e imergia sobre, mais eu sentia que foi a escolha certa, já que eu simplesmente poderia ter recusado estar naquele aniversário por minha inexperiência comprovada rs
A fotografia não me escolheu. Deus me guiou e no momento certo eu a vi e decidi que poderia ser para mim.
